Brasil volta ao ranking de países com mais crianças não vacinadas, diz OMS
País tinha deixado a lista em 2023, mas retornou neste ano com o total de 229 mil crianças não imunizadas contra difteria, tétano e coqueluche, segundo relatório.
O Brasil voltou para a lista de países com mais crianças não vacinadas no mundo, de acordo com levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado na segunda-feira (14).
O país havia deixado a lista em 2023 após um avanço na imunização infantil. Naquela época, o número de crianças que não tinham recebido nenhuma dose da vacina DTP1, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, caiu de 687 mil, em 2021, para 103 mil, em 2023. Já o número de crianças brasileiras que não receberam a DTP3 caiu de 846 mil em 2021 para 257 mil em 2023.
Em 2021, o país ocupava o 7º lugar no ranking dos 20 países com mais crianças não imunizadas no mundo. Agora, de acordo com o relatório divulgado neste ano, o Brasil ocupa o 17º lugar. Em 2024, o cenário foi de 229 mil crianças brasileiras não vacinadas.
Veja o ranking completo abaixo:
- Nigéria (2,078 milhões)
- Índia (909 mil)
- Sudão (838 mil)
- República Democrática do Congo (772 mil)
- Etiópia (768 mil)
- Indonésia (748 mil)
- Iêmen (637 mil)
- Afeganistão (490 mil)
- Angola (406 mil)
- Paquistão (397 mil)
- México (341 mil)
- Filipinas (326 mil)
- Tanzânia (303 mil)
- Madagascar (293 mil)
- África do Sul (278 mil)
- China (263 mil)
- Brasil (229 mil)
- Myanmar (209 mil)
- Costa do Marfim (193 mil)
- Camarões (168 mil)
Segundo o relatório, o Brasil representa 16,8% das crianças não vacinadas na região da América Latina e Caribe. No mundo, essa porcentagem é de 1,6%.
Em comunicado enviado à CNN, especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirmaram que nas Américas, o Brasil, junto com México e Estados Unidos, apresentam as maiores taxas anuais de nascimentos da região. Países com maiores populações de crianças menores de um ano tendem a ter números absolutos de crianças não vacinadas mais altos.
“Isso não é necessariamente um reflexo de programas de imunização mais fracos, mas, sim, um resultado de escala. Por exemplo, o Brasil tem uma taxa de cobertura [vacinal] relativamente alta de 91%, mas, devido à sua grande taxa de nascimentos, o número absoluto de crianças com ‘dose zero’ [nenhuma vacina] permanece significativo”, diz o comunicado.
Imunização nas Américas tem progresso, mas mais de 1,4 milhão de crianças segue sem vacinas
Ainda de acordo com a OMS/Unicef, a imunização infantil nas Américas mostrou sinais de recuperação em 2024, mas ainda há mais de 1,4 milhão de crianças que não receberam uma única dose da vacina DTP, o que representa um aumento no número de crianças chamadas de “dose zero”.
Embora a cobertura global de vacinação infantil tenha se estabilizado, quase 20 milhões de crianças em todo o mundo perderam pelo menos uma dose da vacina DTP, e 14,3 milhões de crianças seguem com “dose zero”, ou seja, não receberam nenhuma dose de quaisquer imunizantes. Nas Américas, o número de crianças com “dose zero” aumentou em 186 mil em comparação com o ano anterior, chegando a 1,46 milhões.
Segundo o relatório, a cobertura de imunização nas Américas melhorou para vários antígenos importantes:
- MMR (sarampo, caxumba, rubéola): a cobertura da primeira dose aumentou de 86% para 88%, e a da segunda dose de 75% para 77%;
- Vacina pneumocócica conjugada (PCV3): aumentou de 76% para 79%;
- Hepatite B no nascimento: aumentou de 64% para 68%, um passo fundamental para a eliminação da hepatite B.
Em relação à vacina contra o HPV, as Américas apresentam a maior cobertura global, com 76% das meninas menores de 15 anos recebendo pelo menos uma dose. No entanto, são necessários mais esforços para atingir a meta de pelo menos 90%.
“As Américas demonstraram um firme compromisso com a proteção de sua população infantil, mas as lacunas na cobertura vacinal nos lembram que mais precisa ser feito”, afirma Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), escritório regional da OMS para as Américas.
“A vacinação continua sendo uma das ferramentas mais eficazes para prevenir doenças e salvar vidas. Não podemos permitir que nenhuma criança fique desprotegida”, completa.
Fonte: CNN Brasil