Chegou o frio e o resfriado não passa? Pode ser um sinal de baixa imunidade
Com o início do inverno, muita gente entra naquela fase em que o resfriado não vai embora, que o corpo se sente sempre cansado e surgem até aftas sem um motivo aparente. Esses sintomas, no entanto, podem não ter a ver com a chegada da estação fria do ano e ser sinais de queda nas defesas do organismo ligada ao mau funcionamento do sistema imunológico.
O conjunto de órgãos, tecidos e células — que tem a função de combater agentes que invadem o corpo, como vírus, bactérias e fungos, evitando que surjam doenças — é essencial para que o corpo humano funcione em equilíbrio. E fatores como “estresse, ansiedade e sedentarismo podem contribuir para um desequilíbrio, pois afetam processos essenciais organismo, como a liberação de hormônios”, explica Luísa Chebabo, infectologista dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein, da Dasa.
A baixa imunidade também se relaciona ao uso de medicamentos: “Pacientes em quimioterapia, que têm algumas doenças reumatológicas e que fazem uso de medicações imunossupressoras, aqueles que usam corticoides em dose alta, normalmente são o que apresenta baixa imunidade”, diz Bruna Savioli, reumatologista do Centro de Doenças Autoimunes da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A especialista diz ainda que alimentação inadequada e privação de sono também são fatores que colaboram para a queda da imunidade. Além disso, tanto o sedentarismo quanto a prática excessiva de atividades físicas podem gerar uma desregulação.
Sintomas e Mitos
Quando o sistema imunológico está passando por alguma dificuldade, alguns dos sintomas costumam ser infecções frequentes, queda de cabelo, cansaço e diarreia. “O sistema imunológico, quando enfraquecido, tem dificuldade para combater microorganismos invasores – o que predispõe a infecções – e para regenerar tecidos. Já a fadiga ocorre devido aos processos infecciosos e à tentativa do organismo de reequilibrar o sistema imunológico”, pontua a infectologista Luísa Chebabo.
Outro sinal de alerta fundamental é o aparecimento de linfonodos aumentados. “São os gânglios, que os pacientes às vezes chamam de ínguas, nas regiões cervical, axilar e inguinal [da virilha]. Lesões cutâneas também se associam a quadros de baixa imunidade. Então, o aparecimento de aftas recorrentes pode ser um sinal disso”, relata Bruna Savioli.
No entanto, é preciso ficar atento com aquilo que de fato pode indicar uma baixa na imunidade. Renato Grinbaum, infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), aponta que o que chamamos de “queda de imunidade, na maioria das vezes, é um mito”. Ele se refere, por exemplo, a resfriados mais intensos, que podem ter outras causas desencadeadoras quando uma investigação é feita no paciente.
Para compreender o funcionamento do sistema imunológico também é preciso levar em conta que as pessoas passam por períodos diferentes ao longo da vida. “Há épocas em que temos muitas infecções, desenvolvemos muitos anticorpos e muita imunidade. Então, durante alguns anos, temos poucas infecções. Depois, esses anticorpos são gastos e ficamos suscetíveis de novo, temos um novo ciclo com mais infecções”, diz Grinbaum.
A infectologista Luísa Chebabo alerta que é importante procurar um médico sempre que os sintomas ou infecções forem persistentes, recorrentes ou afetarem significativamente a qualidade de vida.
Sinais de alerta para baixa imunidade em adultos
- Uso de antibiótico intravenoso com frequência para tratar infecções.
- Infecções virais de repetição, como resfriados, herpes, verrugas.
- Abscessos profundos de repetição na pele ou órgãos internos.
- Infecção fúngica na pele ou qualquer outro lugar.
- Uma pneumonia por ano, por mais de um ano.
- Histórico familiar de imunodeficiência.
- Duas ou mais sinusites no último ano.
- Diarreia crônica com perda de peso.
- Duas ou mais otites no último ano.
- Infecção por micobactérias (grupo de bactérias conhecidas por sua resistência).
E o que o inverno tem a ver com isso?
O clima mudou, a temperatura caiu e você logo sentiu algo estranho? Renato Grinbaum explica que o clima mais frio e mais seco favorece a disseminação de agentes respiratórios e, por consequência, infecções de repetição. Mas contrair um resfriado, por exemplo, não é diagnóstico de baixa imunidade. “A suspeita não é a confirmação. É preciso fazer exames de laboratório para verificar se existe uma deficiência de defesa no organismo”, afirma.
Outro ponto importante para atenção é se o número de infecções é superior ao esperado para aquele período. “Por exemplo, se são esperadas até seis infecções respiratórias durante um ano, e a pessoa tem três no inverno, isso não é uma suspeita. Se ela tem seis ou sete no primeiro semestre, fazemos uma investigação para ver o que está errado. Outro critério de suspeita é uma infecção mais grave do que o esperado”, continua Grinbaum.
De acordo com Luísa Chebabo, o inverno também pode piorar situações ligadas à defesa do organismo pela menor exposição ao sol e, portanto, redução na produção de vitamina D, além de a prática de atividades físicas ficar reduzida.
Para ela, manter exercícios físicos regulares, alimentação saudável e balanceada, sono de qualidade e vacinação em dia, além de gerenciar o estresse e a ansiedade, são atitudes fundamentais para garantir o bom funcionamento do sistema imunológico.
Fonte: Uol