Como a mudança climática está fazendo um país desaparecer?
Um conjunto de ilhas paradisíacas no meio do Oceano Pacífico corre o risco de ser um dos primeiros países do mundo a desaparecer por causa das mudanças climáticas.
Cerca de 11 mil habitantes vivem em Tuvalu, pequeno território no sul da Oceania que pode ser engolido pela água nas próximas décadas.
Em agosto de 2024, a ONU alertou que, em partes do Pacífico, o nível do mar subiu 15 centímetros em 30 anos — quase o dobro da média global. E não é só Tuvalu: Maldivas, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati estão na lista dos lugares na Terra que podem desaparecer.
Com muita natureza preservada e sem muitas indústrias, essa área do Pacífico é responsável por apenas 0,02% das emissões globais anuais de CO2, mas está sendo vítimas das emissões do mundo todo.
E você pode se perguntar: qual a relação entre as emissões e o aquecimento dos oceanos?
A Terra está ficando mais quente e os oceanos têm papel fundamental para reduzir os impactos desse aumento da temperatura porque eles absorvem 90% de todo esse excesso.
Todo esse calor é o que causa o aumento do nível do mar e isso acontece em dois processos:
- Quando a temperatura das águas aumenta, seu volume também aumenta. Ou seja, ele se expande, elevando o nível. Essa reação representa 40% da causa do aumento do nível do mar.
- Isso se soma ao derretimento das calotas polares. Mais quente, o oceano faz com que a camada de gelo se derreta se transformando em mais água e, portanto, aumentando o nível dos mares.
Tuvalu: nação digital?
Há anos, as autoridades tuvaluenses tentam alertar a comunidade global da urgência de ações pra combater a crise climática.
Em 2009, na Conferência do Clima (COP 15), com lágrimas nos olhos, o representante das ilhas, Ian Fry, pediu aos países em desenvolvimento que assumissem um compromisso quanto à redução de suas emissões. “O destino do meu país está nas mãos de vocês”, disse Fry, à época.
Doze anos depois, em 2021, o ministro Simon Kofe exibiu um vídeo na COP 26 com um figurino inusitado para o cenário: discursou de terno e gravata, dentro do mar e com a água até o joelho.
“Estamos afundando, mas o mesmo está acontecendo com todos. Não importa se sentimos os efeitos hoje, como Tuvalu, ou daqui a 100 anos”, afirmou.
Em 2022, ele voltou a cobrar, e disse que o mundo não agiu e que as projeções de aumento de temperatura continuavam acima de 1,5 º Celsius, o que decretava o desaparecimento do país. Encarando o pior cenário como realidade, o país decidiu lançar um projeto, anunciou que iria “transferir” o país para o metaverso.
“À medida que a nossa terra desaparece, não temos outra escolha além de nos tornar a primeira nação digital do mundo. Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo. Para mantê-los protegidos de danos, não importa o que aconteça no mundo físico, iremos movê-los para a nuvem”.
Fonte: G1