Estudo da Unesp em Botucatu: microplásticos é um perigo invisível para a vida na Terra
Pesquisadora do IBB da Unesp estuda sobre o tema fora do Brasil e alerta a população.
Atualmente, a realidade sobre os microplásticos é grave e requer mudanças imediatas. Geslaine Rafaela Lemos Gonçalves, Mestre e Doutora pelo Instituto de Biociências de Botucatu (IBB) da Unesp – câmpus de Botucatu, nos dias de hoje, estuda sobre o assunto na Escócia, pela Scottish Association for Marine Science, e alerta a população a respeito do tema.
Os microplásticos são partículas minúsculas de resíduos plásticos de uso único que são descartados na natureza. Além de causar prejuízos para a saúde humana, afetando a fertilidade e aumentando o risco de câncer e outras doenças, quando em contato com os animais aquáticos, por exemplo, acarretam em uma série de problemas, como sufocamento por grandes plásticos (em casos onde o plástico fica preso no corpo do animal), ou em casos onde os microplásticos são ingeridos e afetam a taxa de crescimento desses animais, ocasionando a mudanças comportamentais e levando à morte.
“Como é um tema relativamente novo, a população ainda não tem conhecimento do quanto os microplásticos são perigosos e afetam todo tipo de vida no planeta”, afirma Geslaine.
Ainda de acordo com a pesquisadora, investir em estudos direcionados para o assunto é um dos caminhos eficazes para descobrir novas informações e levar conhecimento para as pessoas de diferentes regiões. “Comecei a estudar e pesquisar a respeito no IBB, em contato com a disciplina de Ecologia. Ao abrir os caranguejos oriundos da pesca de arrasto para estudá-los, em um primeiro momento, não consegui identificar o que tinha no estômago deles, até que descobri os microplásticos”, explicou Geslaine.
Desde então, o interesse pela temática aumentou. Após concluir o Doutorado, estudo que realizou no formato “sanduíche” (programa de estudos no qual o aluno realiza parte da pesquisa em duas universidades no exterior, no caso da pesquisadora, em Exeter University, na Inglaterra, e Ghent University, Bélgica), Geslaine continua a estudar e a levar conhecimento ao redor do mundo, passando, inclusive, por Gana, na África, e pela região do Mar Vermelho, no Egito. Além disso, ainda tem novas propostas de projetos para desenvolver, como pesquisas no Brasil, Irlanda e Filipinas.
Soluções para o microplástico
Mais do que analisar e avançar nas pesquisas sobre os microplásticos, Geslaine acredita que é preciso buscar alternativas para um futuro mais sustentável.
“O que está errado é como usamos esse tipo de material. A usabilidade de modo único é algo muito prejudicial. Isso porque o plástico demora de 100 a 600 anos para se decompor e não desaparece totalmente do meio ambiente. Um caminho possível seria utilizá-lo por meio de produtos e embalagens produzidas à base de algas, por exemplo”, esclareceu Geslaine.
Sendo uma ameaça significativa para os ecossistemas, a questão dos microplásticos exige ações por parte de toda a sociedade para reduzir o consumo ou alterar a produção e o descarte inadequado do material.
Além disso, promover a conscientização é uma das alternativas para a construção da mudança desse cenário.
“As pessoas precisam saber dos malefícios do plástico para todas as formas de vida e como a ação individual pode fazer a diferença. Desse modo, conseguimos oferecer uma nova chance para as futuras gerações”, finalizou.