Italo Ferreira aprendeu a surfar com isopor do pai pescador no RN
Medalha de ouro na Olimpíada de Tóquio, atleta nascido no Rio Grande do Norte foi campeão mundial de surfe em 2019
Medalha de ouro na primeira disputa de surfe em uma Olimpíada, Italo Ferreira, de 27 anos, aprendeu a surfar usando parte do isopor que seu pai usava para guardar os peixes que pescava em Baía Formosa, no litoral do Rio Grande do Norte. Quando criança, começou a mostrar talento para o surfe e logo ganhou de presente a sua primeira prancha, que custou R$ 120. E fez do talento e do grande carisma a sua marca registrada.
A condição financeira da família, sem tantos recursos, era uma dificuldade no início, pois para participar de competições era necessário pagar inscrição, viajar e ter uma estrutura mínima. Mas Italo nunca desistiu do sonho de ser surfista profissional e via naquela brincadeira uma possibilidade de ter um trabalho que se identificasse.
Italo Ferreira fez campanha perfeita na Olimpíada de Tóquio
O talento dele como atleta fez com que estreasse no Circuito Mundial de Surfe em 2015. Na ocasião, chamou atenção pelo seu estilo arrojado e teve até bons resultados, como o segundo lugar na etapa de Peniche, em Portugal, e uma semifinal na etapa do Rio de Janeiro. No final do ano, foi agraciado com o prêmio de estreante do ano na modalidade.
Para além dos feitos, no final de 2015 recebeu um enorme elogio de Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais. “Ele chocou as pessoas que não o conheciam tão bem, principalmente fora do Brasil, mas o que posso dizer é que ele é muito bom em qualquer condição de mar. Ele tem força para ondas grandes, dá aéreos em ondas menores e é muito competitivo”, afirmou.
Evolução de Italo Ferreira
Italo Ferreira no ambiente que mais gosta
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM @ITALOFERREIRA
Desde então, Italo foi crescendo no cenário internacional e amadurecendo seu lado competitivo. Em 2016, teve uma temporada irregular, no ano seguinte se machucou e perdeu parte do calendário de etapas, mas em 2018 ganhou três eventos e por pouco não chegou ao Havaí com chance de título. Desta vez, manteve o foco e se recuperou na reta final da temporada para garantir seu primeiro troféu.
Em 2019, sagrou-se campeão do WCT, o campeonato mundial de surfe. Venceu a grande final em Pipeline, no Havaí, contra o bicampeão Gabriel Medina, tornando-se o terceiro brasileiro a vencer o campeonato mundial. Conquistou o quarto título para o Brasil na competição.
O título mundial coroou uma ótima temporada de Italo, que também colocou em sua galeria de conquistas um outro importante troféu em 2019: o do ISA Games, em Miyazaki, no Japão, onde superou surfistas do mundo inteiro para ficar com a medalha de ouro no evento que serviu para sentir as ondas do país dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Italo Ferreira vibra com a conquista da medalha de ouro no surfe
Na ocasião, Italo teve o passaporte furtado nos EUA, precisou correr contra o tempo para tirar nova documentação, ter o visto japonês e chegar ao local de competição. Quando desembarcou no aeroporto de Miyazaki, sua bateria estava na água. Deixou suas malas para trás, pegou carona, chegou à praia sem equipamento, pegou uma prancha emprestada com Filipe Toledo e se classificou. Depois disso, deu um show nas fases seguintes e foi campeão.
Campanha em Tóquio
Em Tóquio, Italo fez uma campanha impecável. Na primeira etapa, terminou em primeiro lugar na sua chave e passou para as oitavas de final, onde derrotou Billy Stairmand, da Nova Zelândia, por 14,54 a 9,67. Nas quartas de final, superou Hiroto Ohhara, do Japão, por 16,30 a 11,90. Nessa prova, Italo obteve a impressionante nota de 9,73 na primeira onda.
Na semifinal, ganhou do australiano Owen Wright por 13,17 a 12,47. E, na decisão, bateu o japonês Kanoa Igarashi mesmo tendo a prancha quebrada na primeira onda. Italo ganhou o primeiro ouro da história das Olimpíadas e a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio.
Fonte: R7