Foto: Via Acontece Botucatu

Moradores de Botucatu enfrentam dificuldades para acionar Bombeiros e PM

Moradores de Botucatu relatam dificuldades para obter atendimento emergencial do Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. Isso ocorre porque, há alguns anos, as ligações passaram a ser direcionadas para uma central da corporação em Campinas. O chamado passa por triagem nessa unidade antes que o grupamento de Botucatu seja acionado, o que pode atrasar o socorro em situações críticas.

O mesmo acontece com a Polícia Militar, cujo atendimento pelo 190 é realizado em Sorocaba. Com essa logística do governo do estado, cabe as equipes de Botucatu correr atrás do tempo perdido nessa triagem. Diante disso, muitos munícipes recorrem à Guarda Civil Municipal (GCM), que atende diretamente na cidade. No entanto, a GCM acaba sobrecarregada, dificultando uma resposta rápida das ocorrências.

Muitos moradores de Botucatu relatam que não conseguem completar a chamada e ficam sem atendimento ao acionar o numero 193. A moradora Claudineia, do bairro Rubião Júnior, passou por esse problema recentemente.

“Precisava de socorro, mas os Bombeiros não atendiam”, relatou. Diante da demora, quem acabou prestando auxílio foi a Defesa Civil de Botucatu, que conteve um incêndio em frente à residência dela.

“Teve uma tarde que eu estava passando na Rua João Passos e teve uma casa que começou a pegar fogo. Tentamos várias vezes ligar para o corpo de bombeiros e ninguém atendeu. Um rapaz que estava lá teve que pegar a moto dele e ir correndo até a sede do corpo de bombeiros para pedir socorro. Um total descaso”, relatou o munícipe Wellington.

Atual vice e ex-presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Botucatu, Clóvis Martins, acredita que a forma como a medida foi implantada, é equivocada. “Não pelo mérito, mas pela forma como foram estabelecidos, vindo de cima para baixo ao menos no inicio pioraram, e não foi pouco inclusive por experiencia própria no 190 logo no inicio. Quem opera os telefones de emergência se transforma em um(a) “gerente de crise”, pois ate entender o tamanho da demanda, por desconhecer particularidades do local da ocorrência o resultado pode ser catastrófico. 190 e 193 aqui em Botucatu sempre foram Magníficos, mas atualmente restam dúvidas. A mudança é um processo sistêmico, e deve previamente promover um ambiente propício a mudança”, disse ele ao Acontece Botucatu.

Centralização do atendimento e aplicativos

A centralização do atendimento das forças de segurança faz parte de uma estratégia do governo do Estado para otimizar recursos e padronizar protocolos. Para reduzir a dependência das chamadas telefônicas, o governo paulista lançou aplicativos que permitem acionar os Bombeiros e a Polícia Militar pelo celular.

Apesar da proposta de modernização, muitos moradores ainda enfrentam dificuldades no contato emergencial, especialmente em situações onde o tempo de resposta é crucial. Enquanto isso, a população de Botucatu segue contando com a GCM e a Defesa Civil para atendimentos mais rápidos.

Especialistas criticam

Um especialista em segurança pública, ouvido pelo Acontece Botucatu e que preferiu não ter a identidade revelada, defende que a centralização do atendimento da Polícia Militar e dos Bombeiros em grandes centros como Campinas e Sorocaba pode impactar negativamente a eficiência do serviço em cidades do interior. Aqui estão alguns pontos a considerar:

1. Perda do Conhecimento Local

Antes, os chamados eram atendidos por equipes que conheciam a geografia, os bairros mais problemáticos e até mesmo a rotina dos moradores. Com a centralização, operadores em outra cidade podem ter mais dificuldade em compreender rapidamente a urgência e a gravidade de certas ocorrências.

2. Aumento no Tempo de Resposta

Com um centro de atendimento distante, o tempo para repassar informações e despachar viaturas pode aumentar. Isso é crítico para situações como incêndios ou crimes em andamento, onde cada segundo conta.

3. Falhas de Comunicação

O distanciamento dos atendentes pode gerar erros na triagem das ocorrências. Informações como localização exata, pontos de referência e até a gravidade do chamado podem ser mal interpretadas, atrasando o envio das equipes.

4. Dificuldade no Atendimento a Casos Específicos

Atendimentos que exigem sensibilidade, como ocorrências envolvendo saúde mental ou violência doméstica, podem ser prejudicados. Operadores locais costumam conhecer os padrões e até as famílias que frequentemente acionam o serviço, permitindo uma abordagem mais precisa.

5. Dependência Total da Tecnologia

Se houver falhas nos sistemas de comunicação entre o centro regional e as viaturas locais, o atendimento pode ser prejudicado. Antes, um policial ou bombeiro local podia intervir diretamente para corrigir uma falha no chamado. Agora, a dependência da tecnologia se torna um fator de risco.

Ainda segundo a fonte do Acontece, se a centralização não for bem planejada e executada, o atendimento à população pode, sim, ser prejudicado.

Fonte: Notícia adaptada via Acontece Botucatu

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