Com o aumento da temperatura dos oceanos, o crescimento excessivo de fitoplâncton pode formar uma camada de lodo na superfície da água — Foto: Getty Images/via BBC e G1

O que as temperaturas recorde dos oceanos significam para nosso planeta

Temperaturas recordes dos oceanos sugerem que os mares estão aquecendo mais rapidamente do que o esperado. Os impactos deverão ser sentidos desde as plataformas de gelo polares até às cidades costeiras de todo o mundo.

 Os oceanos do planeta são como uma bateria global. Eles absorvem imensas quantidades de calor, que são liberadas lentamente em seguida.

Até agora, os nossos oceanos já absorveram mais de 90% do calor capturado na atmosfera da Terra pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa. Mas, nos últimos tempos, esse aquecimento se acelerou vertiginosamente.

Desde o fim de março de 2023, as temperaturas da superfície dos oceanos atingem novos recordes de temperatura diariamente. E, em 47 desses dias, as temperaturas superaram os recordes anteriores pela maior margem já registrada na era dos satélites, segundo os dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia.

O rápido aumento da temperatura dos mares trouxe um quebra-cabeça para os cientistas: por que o recente aquecimento dos oceanos é ainda maior do que o indicado pelos modelos climáticos?

“O salto das temperaturas do oceano no último ano é enorme”, segundo a professora de impactos das mudanças climáticas Hayley Fowler, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido.

“O fato de não podermos simular esses aumentos radicais e compreender o que está acontecendo é assustador.”

O certo é que o aquecimento dos oceanos já causa prejuízos às pessoas e aos ecossistemas.

No verão de 2023, boias no litoral da Flórida registraram temperaturas da água mais altas que o nível de calor de uma banheira quente. E os recifes de coral estão passando pela sua quarta onda de branqueamento em todo o planeta, considerada a mais significativa verificada até hoje.

E ainda há outras consequências menos discutidas, como a intensificação das chuvas e a desoxigenação das profundezas do oceano. Tudo indica que os recordes de temperatura dos mares estão desestabilizando o planeta.

Quais são as causas?

Dois fatores são os principais responsáveis pelo aquecimento recorde dos oceanos no último ano, segundo o oceanógrafo Michael McPhaden, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).

O primeiro motivo é a concentração cada vez maior de gases do efeito estufa na atmosfera. E o segundo foi o forte fenômeno El Niño em 2023.

O El Niño fez com que águas superficiais mais quentes que a média na zona tropical do Oceano Pacífico aumentassem a evaporação, causando imensa transferência de calor para a atmosfera.

E outros fatores bem mais fracos também influenciaram o aquecimento, afirma McPhaden.

No início de 2022, o vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai entrou em erupção no Oceano Pacífico,  liberando quantidades de vapor d’água “sem precedentes”. E este vapor capturou calor na atmosfera.

Além disso, em 2020, uma determinação da Organização Marítima Internacional exigiu que os navios petroleiros comerciais passassem a usar combustível com baixo teor de enxofre.

Esta medida reduziu as emissões de dióxido de enxofre geradas pelo transporte marítimo global. Mas o dióxido de enxofre é um precursor de sulfatos atmosféricos, que refletem a luz solar e contribuem para a formação de rastros de nuvens atrás dos navios.

Essas nuvens refletem o calor de volta para o espaço. E a redução desses rastros brilhantes pode eventualmente causar um pequeno aumento do aquecimento global.

Mas a soma destes fatores não justifica o nível de aquecimento dos oceanos verificado atualmente em algumas regiões, segundo McPhaden. Partes do norte do Oceano Atlântico, por exemplo, estão agora “extraordinariamente” quentes, por motivos que ainda não compreendemos totalmente.

Por isso, os pesquisadores estão começando a pesquisar outros fatores.

Em um estudo inicial, que ainda aguarda revisão por pares, o oceanógrafo da NOAA Boyin Huang tenta explicar esta questão, indicando outro longo ciclo de aquecimento e resfriamento dos oceanos nas latitudes mais altas (50-70 anos).

Fonte e mais informações: G1.com

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