Rússia amplia invasão na Ucrânia e se aproxima de Kiev
Aconteceu nesta sexta-feira (25): Russos estão perto de entrar na capital; autoridades ucranianas dizem que Putin quer matar o presidente Volodymyr Zelensky; Kremlin faz retaliação ao Reino Unido; Uefa muda final da Liga dos Campeões e aumento no nível de radiação na Usina de Chernobyl
No segundo dia da guerra, a Rússia segue ampliando a invasão contra a Ucrânia. Autoridades ucranianas disseram nesta sexta-feira (25) que esperam pelo “dia mais difícil da guerra”. A capital, Kiev, espera pela chegada de tropas russas. As sirenes voltaram a ser acionadas.
O assessor do Ministério do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, afirmou que as forças de Kiev estão prontas para a defesa com mísseis antitanque fornecidos por aliados estrangeiros. Novas explosões foram ouvidas na capital nesta madrugada.
Em novo vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu resistência à invasão russa e criticou os aliados da Ucrânia. “Nesta manhã, estamos defendendo nosso país sozinhos. Assim como ontem, o país mais poderoso do mundo olha de longe”, disse Zelensky, parecendo se referir aos Estados Unidos.
“A Rússia foi atingida ontem por sanções, mas não são suficientes para tirar as tropas estrangeiras de nosso solo. Às 4 da manhã, as forças russas resumiram seus ataques com mísseis no território da Ucrânia”, declarou.
O que de mais importante aconteceu nesta sexta-feira
- Os ataques da Rússia contra a Ucrânia entraram no segundo dia. Putin ordenou que as forças russas invadissem completamente o país por terra, ar e mar
- A capital Kiev se prepara nesta sexta-feira para a chegada de tanques russos.
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu mais ajuda dos aliados e disse nesta sexta (25) que os ucranianos estão defendendo o país “sozinhos”
- Países da Europa Central esperam receber um grande número de pessoas que estão fugindo da Ucrânia
- A Uefa decidiu retirar a final da Liga dos Campeões que aconteceria na Rússia em 28 de maio; Paris foi escolhida para receber o evento
- Em retaliação à decisão do Reino Unido, a Rússia proibiu companhias aéreas britânicas de pousar em seus aeroportos ou cruzar seu espaço aéreo
- Países da Europa acionaram o Artigo 4º da Otan para lançar consultas sobre a situação — o que poderia desencadear uma resposta conjunta
- Níveis de radiação aumentaram após soldados russos tomarem a Usina de Chernobyl
- Assessor do gabinete presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, disse que o objetivo de Putin é matar o presidente Zelensky
- China rebateu críticas de Biden e disse que mantém “comércio normal e cooperação com a Rússia”
Números da guerra
O Ministério de Defesa da Ucrânia afirmou que suas forças armadas infligiram cerca de 800 baixas às forças russas desde que a invasão começou. Entretanto, não ficou claro se esses números são exclusivamente de mortes. Ainda segundo a pasta, 30 tanques, sete aeronaves e seis helicópteros do exército russo foram abatidos.
De cerca de 500 brasileiros que vivem na Ucrânia, 180 procuraram a embaixada brasileira no país para pedir ajuda ou informações, segundo comunicado do Itamaraty. A procura tem aumentando consideravelmente – ontem o número era de 93.
Na Ucrânia, a população se divide entre se proteger em estações de metrô adaptadas como bunkers e tentar sair da região rumo ao oeste. Longas filas se formaram nas principais avenidas de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou a população para defender o país e disse que “cidadãos podem utilizar armas para defender território”.
Matar o presidente
Um dos objetivos da guerra deflagrada pela Rússia contra a Ucrânia é matar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pessoalmente, de acordo com um assessor do gabinete da presidência do país.
“O cenário básico da operação especial da Rússia é claro. O único objetivo – tomar Kiev e matar as autoridades da Ucrânia, o presidente Zelensky pessoalmente”Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete da presidência do país
Assessores da presidência da Ucrânia disseram que Zelensky ainda está na capital do país.
Espaço aéreo segue fechado
Por causa dos ataques, o espaço aéreo da Ucrânia continua fechado. Autoridades temem que aeronaves com civis possam ser atingidas por armas russas.
“Devido ao alto risco para a segurança da aviação, a Empresa Ucraniana de Serviços de Tráfego Aéreo (UkSATSe) decidiu fechar temporariamente o espaço aéreo da Ucrânia para a aviação civil”.
Radiação em Chernobyl
A agência nuclear da Ucrânia informou que está registrando um aumento nos níveis de radiação do local da extinta usina nuclear de Chernobyl.
Os russos tomaram Chernobyl na quinta-feira (24): autoridades ucranianas confirmaram que as forças russas ultrapassaram o local do pior desastre nuclear do mundo. A Casa Branca condenou a Rússia por “relatos confiáveis” de que funcionários civis da usina de Chernobyl, no norte da Ucrânia, foram feitos reféns.
Uefa muda final da Liga
Após reunião do Comitê Executivo da Uefa, a entidade decidiu por transferir a final da Champions League, marcada para o dia 28 de maio.
O jogo que até então aconteceria em São Petersburgo, na Rússia, agora acontecerá no Stade de France, em Paris.
“A Uefa deseja expressar os seus agradecimentos e apreço ao Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, pelo seu apoio pessoal e empenho em transferir o jogo mais prestigiado do futebol europeu de clubes para França num momento de crise sem precedentes”, informou a instituição em nota.
Retaliação do Kremlin ao Reino Unido
A Rússia proibiu companhias aéreas britânicas de pousar em seus aeroportos ou cruzar seu espaço aéreo, informou o órgão regulador russo de aviação civil. A medida segue a proibição de Londres aos voos da transportadora de bandeira russa Aeroflot imposta em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O primeiro-ministro Boris Johnson anunciou a proibição na quinta-feira (24) no parlamento e a Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido disse que suspendeu a permissão de transporte estrangeiro da Aeroflot.
China diz que mantém “comércio normal e cooperação com a Rússia”
O Ministério das Relações Exteriores da China reagiu nesta sexta-feira (25) contra o comentário do presidente dos EUA, Joe Biden, de que qualquer país que apoiasse a invasão da Rússia seria “manchado por associação”. Ao também responder crítica da Austrália sobre manter relações comerciais com a Rússia, o país afirmou que se baseia em “mútuo respeito”.
O porta-voz do ministério, Wang Wenbin, fez as declarações em uma coletiva de imprensa diária. Segundo representante do órgão, a China conduz um “comércio normal e cooperação com a Rússia”.
“A China se opõe a todas as sanções ilegais e unilaterais e espera que as partes relevantes lidem com questões relacionadas à China de maneira que não prejudique a China”Wang Wenbin, porta-voz do ministério
Rússia reprime protestos
A polícia da Rússia deteve só na quinta-feira (24) mais de 1.600 russos que protestaram contra a operação militar na Ucrânia, enquanto as autoridades ameaçaram bloquear reportagens da mídia que contenham o que Moscou descreveu como “informação falsa”. Ao menos 44 cidades registraram manifestações contra a ofensiva russa contra o território ucraniano.
Em atos de dissidência cautelosa, mas incomum no país, estrelas pop russas, jornalistas, um comediante de televisão e um jogador de futebol se opuseram à guerra on-line depois que o presidente Vladimir Putin lançou uma invasão da Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira (24).
Falando na Casa Branca na parte da tarde, Joe Biden disse que o governo americano, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e demais aliados limitariam a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares e outras moedas com o objetivo de impor “custos fortes agora e ao longo do tempo”.
Joe Biden anunciou “maiores sanções da história” contra Rússia
O primeiro pronunciamento oficial do presidente norte-americano deu conta de anunciar que EUA e aliados iriam impor sanções históricas contra a Rússia, como o esperado e previamente anunciado. Biden classificou o ataque como “não provocado e sem necessidade” e disse que o presidente Putin “será um pária no cenário internacional”.
“Sancionamos seus bancos, cortamos seus maiores bancos, um terço está fora do sistema econômico. O segundo maior banco da Rússia foi sancionado também”, disse. “Enquanto apertamos sua capacidade de recuperação, cortaremos mais da metade da sua força”.
Não haverá, no entanto, emprego de tropas dos Estados Unidos na região neste momento, afirmou Biden. “Nossas forças não irão lutar no território ucraniano, mas defenderemos nossos aliados. A boa notícia é que a Otan está mais unida e determinada que nunca com nossos compromissos”.
“Ninguém esperava que as sanções iriam impedir o que está acontecendo, isso levará tempo, ele testará se nós continuaremos unidos, e nós iremos. As sanções serão tão fortes quanto as balas e mísseis da Rússia na Ucrânia”, continuou.
Aqui estão algumas das sanções anunciadas:
- Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes para fazer parte da economia global;
- Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
- Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
- Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos.
Biden também avaliou que o presidente russo desejava uma “nova União Soviética”, mas que as “escolhas” dele com esta guerra deixariam “o mundo mais forte”. “Putin é o agressor, Putin começou essa guerra, e ele sofrerá as consequências”, disse.
Itamaraty: não há como fazer ação de resgate na Ucrânia
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que presta assistência aos brasileiros na Ucrânia, mas disse não existir condições, neste momento, de fazer uma ação de resgate no país. Atualmente, há 422 brasileiros que vivem na Ucrânia, segundo informação enviada à CNN por André Mourão, chefe consular em Kiev.
Mais cedo, a embaixada brasileira da Ucrânia havia publicado orientações para os cidadãos e pediu para que os brasileiros presentes na capital Kiev não saiam ainda da cidade devido “grandes engarrafamentos” registrados.
Mesmo assim, o ministro de Relações Exteriores, Carlos França, deve se reunir com o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, para discutir a crise entre Rússia e Ucrânia, reportou o analista da CNN, Gustavo Uribe.
Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) republicou orientações da embaixada do Brasil na Ucrânia. “Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”, escreveu.
Bolsonaro sobre posição do Brasil: “Decisão é minha”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na quinta-feira (24), que é sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, disse Bolsonaro em transmissão pelas redes sociais.
A fala acontece após o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos.
600 mil ucranianos no Brasil estão aflitos sem notícias de familiares, diz cônsul
O cônsul-honorário da Ucrânia em São Paulo, Jorge Rybka, falou à CNN sobre a situação dos ucranianos no Brasil após os ataques executados pela Rússia ao país do Leste Europeu.
De acordo com o cônsul, a comunidade ucraniana no Brasil é representada por mais de 600 mil pessoas que estão “aflitas” por notícias de familiares que vivem no país.
“Buscamos ainda a paz, a diplomacia, o que for possível. Pedimos que haja o retrocesso dessa invasão territorial”, disse Rybka.
Fonte: CNN Brasil