Unidade do AVC do HCFMB é referência estadual em atendimento

Serviço é credenciado como nível IV, patamar alcançado apenas por cinco centros de referência em todo o Brasil

A cada 5 minutos, uma pessoa perdeu a vida em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil, de janeiro a outubro do ano passado. A estatística lançada pelo Portal de Transparência do Registro Civil mostra que o AVC se tornou a principal causa de morte no país em 2022.

Para evitar o aumento deste número e propiciar um atendimento de excelência ao paciente, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) conta com uma unidade referenciada para atender pacientes vítimas de AVC.

Contando com dez leitos, a Unidade tem um financiamento governamental pela Linha de Cuidados em AVC, um componente da Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), e atende uma média de 40 pacientes/mês, sendo referência, de forma direta ou indireta, para 78 municípios paulistas.

Apenas em 2022, o Serviço atendeu 480 pessoas, sendo 200 de Botucatu, 242 de cidades vinculadas ao Departamento Regional de Saúde (DRS-VI), a que o HCFMB pertence, e 38 de outros municípios do Estado.

Histórico

Desde 2008, o HCFMB realiza diversos procedimentos e técnicas para aperfeiçoar o atendimento, como as primeiras trombólises endovenosas e trombectomias por cateterismo, com o objetivo de diminuir os riscos de sequelas nos pacientes.

No ano de 2012, houve o início da Unidade propriamente dita, para trazer maior integração da equipe e um melhor prognóstico dos pacientes a longo prazo. Em 2015, a UAVC do Hospital foi considerada como um Centro de Excelência pelo Ministério da Saúde no nível III, sendo a segunda do interior do Estado de São Paulo a receber esse reconhecimento. Já no final de 2022, o Serviço foi credenciado como nível IV, o mais alto na hierarquia desta modalidade de assistência, patamar alcançado, até o momento, apenas por cinco centros de referência em todo o Brasil.

A UAVC do HCFMB atende, de forma integral, os pacientes na fase aguda do AVC até o momento da alta programada, com um planejamento de condutas pós-alta, a partir das demandas apresentadas pelos pacientes. “Todo o rol de tratamentos, como a trombólise endovenosa ou a trombectomia mecânica, é disponibilizado em período integral na rotina do hospital”, aponta Dr. Gabriel Pinheiro Modolo, médico assistente da Unidade de AVC.

Trabalho multidisciplinar e foco na pesquisa

O serviço tem a multidisciplinaridade como uma de suas características, com uma equipe composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudióloga, assistente social, dentista, psicóloga, terapeuta ocupacional e nutricionista. Além disso, a Unidade conta com a parceria do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Botucatu, responsável pelo aumento significativo das taxas de recuperação dos pacientes. “A reabilitação integral, o atendimento amplo com equipe multiprofissional e o planejamento na pós-alta são pactuadas também com os municípios de origem, implementando a linha de cuidado em AVC de forma completa”, descreve Natália Cristina Ferreira, enfermeira referência da Unidade.

Outro aspecto da Unidade de AVC é a sua correlação com a pesquisa. Recentemente, cientistas da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB | Unesp), da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e das Universidades de São Paulo (USP) e de Toronto, no Canadá, fizeram uma pesquisa e confirmaram que o uso de estimulação elétrica transcraniana (TDCS) melhorou a recuperação de pacientes que sofreram AVC e ficaram com síndrome da negligência espacial unilateral, sequela que causa desatenção e não percepção do que está ao lado esquerdo do corpo, não permitindo estímulos sensoriais.

“Várias pesquisas clínicas e acadêmicas acontecem na Unidade, bem como diversas teses de mestrado e doutorado. O Serviço é um cenário importante para o aprendizado, desde alunos de graduação de várias áreas da saúde, da residência médica e multiprofissional, estagiários, aprimorandos e pós graduandos, dentre outros”, explica Dr. Carlos Clayton Macêdo de Freitas, docente do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da FMB | Unesp.

O coordenador da UAVC, Dr. Rodrigo Bazan, aponta alguns desafios para os próximos anos, como o crescimento em estatura, a avaliação periódica por indicadores de qualidade, a educação em Saúde e a conscientização dos gestores municipais e hospitalares da região. “A Unidade de AVC já é reconhecida nacionalmente pela sua eficiência e pelo bom atendimento prestado para a comunidade. O grande desafio é o investimento em recursos tecnológicos e humanos da unidade, além da completa integração e implementação na rede de cuidados pelo SUS, em que o paciente é atendido integralmente desde o pré-hospitalar, no intra-hospitalar e na pós-alta, podendo se recuperar da forma mais plena possível e voltar às suas atividades rotineiras”, encerra.

Fique atento aos sintomas e aos fatores de risco!

O AVC pode ser causado, principalmente, pela hipertensão, tabagismo, diabetes, arritmia cardíaca e sedentarismo. Se você ou alguém próximo sentir paralisia em apenas um lado do corpo, alteração da sensibilidade de algum membro (sensação de amortecimento repentino), na fala e na visão, chame o SAMU no telefone 192.

Fonte: Acontece Botucatu

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