Adolescente tetraplégica realiza sonho de dançar com o pai no aniversário de 15 anos

Um acidente de carro no dia 8 de dezembro de 2021 deixou Kamila Florêncio sem movimentos

Um acidente de carro no dia 8 de dezembro de 2021 deixou Kamila Florêncio tetraplégica, mas com a ajuda de um aparelho especial e dos médicos que a auxiliam no tratamento, ela conseguiu realizar o seu desejo de dançar com o pai no seu aniversário de 15 anos.

Filha única do casal Tânia Florêncio e Kléber Florêncio, a adolescente perdeu o movimento das pernas e dos braços num acidente que sofreu enquanto os três, moradores de Bauru (SP), estavam indo para o município vizinho de Pederneiras (SP), assistir uma missa. No trajeto, um andarilho entrou na frente do carro e, para não bater, o pai de Kamila desviou e acabou perdendo o controle do veículo, capotando várias vezes. A mãe, ao relembrar, conta que Kamila já no momento do acidente relatou a perda dos movimentos.

“Ela dizia que não sentia nada do peito para baixo, fomos socorridos e já nos primeiros exames foi constatado uma fratura na vértebra C7. Imediatamente ela foi transferida para o Hospital, enquanto nós ficamos internados em observação”, conta Tânia.

A partir desse momento, a vida da família mudou. Kamila ficou internada na UTI por 38 dias, sendo entubada duas vezes e necessitando de sonda alimentar por 20 dias.

A alta só veio no dia 14 de fevereiro, pouco mais de dois meses após o acidente, mas os sacrifícios tornaram-se parte da rotina da família.

“Ela desenvolveu algumas infecções, depois teve duas falhas pulmonares graves, sendo que o pulmão esquerdo fechou mais de 80%, o que demanda cuidados até hoje. Durante todo o tempo de internação, revezamos no hospital e, após a alta, optamos por deixar nossos empregos para cuidar exclusivamente da sua recuperação”, explica a mãe de Kamila.

O abalo inicial, no entanto, contrasta com o momento vivido no último sábado. Com uma festa para cerca de 100 pessoas, entre familiares e médicos que ajudam no tratamento, Kamila pode emocionar a todos, em especial o pai.

“Fiquei muito emocionado. Apesar do nosso nervosismo, conseguimos entrar e dançar conforme tínhamos planejado e a alegria dela e de todos que estavam na festa não tem o que alegra mais o coração de um pai. Após a valsa, o sentimento foi de gratidão a Deus e a Nossa Senhora pela filha maravilhosa que tenho”, relata Kléber.

A recuperação envolveu não somente a superação das adversidades físicas, mas também emocionais e de aceitação com a nova condição. No dia do seu aniversário de 15 anos, a debutante conseguiu, com a ajuda de um aparelho desenvolvido pela APAE de Bauru, dançar a tão tradicional valsa. Além da emoção e do significado da data, o momento marcou também um verdadeiro avanço no tratamento de Kamila, que nos primeiros meses tinha dificuldades de até mesmo ficar sentada.

“No começo, devido ao longo tempo internada e por ter pressão baixa, logo que sentava passava mal. Quando a colocávamos em pé, então, ela não ficava nem um ou dois minutos”, relembra a mãe.

A adolescente tem uma tetraplegia incompleta. A situação ocorre quando a medula espinhal é parcialmente lesionada, mas preserva algumas sensações e movimentos.

Depois do começo difícil, a adaptação de Kamila à nova condição contou com a ajuda da APAE de Bauru, onde ela realiza um tratamento multidisciplinar, com fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional.

E foi durante uma sessão de fisioterapia na instituição que Kamila externalizou o seu maior desejo ao completar os 15 anos: dançar a valsa com o pai.

“Logo no início do tratamento, ela compartilhou com os fisioterapeutas o sonho dela. Com isso, convocamos toda a equipe para ajudá-la nessa missão. Todos se mobilizaram e entraram em contato com a Oficina Ortopédica da APAE Bauru para solicitar a confecção do equipamento “Kafo”, que permitiria que ela ficasse em pé e dançasse em seu aniversário”, revela Roberto Franceschetti Filho, presidente da APAE Bauru.

Enquanto o equipamento era produzido, Kamila treinava o controle e fortalecimento do tronco, de membros superiores e o controle da dor no ombro.

A entrega do “Kafo”, um aparelho que auxilia pacientes que não apresentam força de quadríceps suficiente para se manterem em pé, foi realizada no início de setembro, possibilitando que Kamila treinasse a dança até o aniversário em outubro.

Embora as dificuldades e intercorrências tenham sido parte do caminho, Kamila conta que nunca deixou de acreditar na possibilidade de tornar este sonho em realidade.

“Nunca perdi a fé e o sorriso no rosto. Fui com a ajuda da APAE e da minha família fortalecendo a fé e a esperança de que cada vez mais eu iria melhorar e me fortalecer”, conta.

Fonte: Tem Mais

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