Botucatu: Administração do Canil confirma surto de cinomose e emite nota; Confira
A Organização Social de Saúde Pirangi, responsável pela administração do Canil Municipal, confirmou, através de uma nota enviada pela Prefeitura de Botucatu, que está ocorrendo um surto de cinomose no local.
Em nota, assinada pelo médico veterinário Dr. Carlos Longo, a Pirangi esclarece que desde agosto o Canil Municipal está enfrentando dificuldades para conter a disseminação dessa doença.
A Pirangi comunicou que foi detectada a infecção em 3 cães. já confirmados pelo método RT PCR, e 6 animais apresentaram teste rápido positivo para a doença e aguardam confirmação diagnóstica. De acordo com a Administradora do Canil, “neste momento e com o objetivo de cessar a transmissão a eutanásia dos casos positivos se fará necessária”.
Abaixo a íntegra da nota da Pirangi :
ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO DE BOTUCATU
É sabido que algumas cidades do estado de São Paulo estão sofrendo com surtos de cinomose canina, como podemos verificar em noticiários publicados nas redes de comunicação.
Em Botucatu, infelizmente, a situação não é diferente. Desde agosto de 2021 o Canil Municipal tem enfrentado dificuldades em conter a disseminação dessa doença e ainda, cabe destacar que, trata-se de uma doença com alta transmissibilidade, com sinais e sintomas não espeficificos e a evolução pode se caracterizar desde uma situação assintomática, até quadros neurológico grave resultante em óbitos dos animais (FREIRE, MORAES, 2019).
Definição da Cinomose
A cinomose é uma doença viral que acomete cães provocada por um vírus da família Paramyxoviridae, conhecido como vírus CDV, ou CanineDistemperVirus, também conhecido em português como o “vírus da esgana canina”.
Trata-se de uma doença altamente contagiosa que quando não tratada adequadamente, pode deixar seqüelas graves ou mesmo levar à morte do animal. Afeta principalmente filhotes e cães idosos ou com o sistema imunológico debilitado e não é transmitida para outros grupos de animais e seres humanos.
O período de incubação do vírus varia 1 a 4 semanas, sendo que os primeiros sintomas aparecem após uma ou duas semanas após o contato.
Uma vez no organismo dos cachorros, o vírus pode atacar os sistemas nervoso, respiratório e gastrointestinal, provocando a manifestação de sinais e sintomas diversos que vão desde alterações respiratórias até problemas neurológicos, variando de acordo com cada animal.
Embora o vírus não afete todos os cães da mesma maneira, a cinomose é uma doença muito grave com progressão em várias fases, tais como:
• Fase respiratória: é a primeira fase da cinomose, tendo como principais sintomas: tosse seca ou com secreção, pneumonia, secreção nasal, dificuldade respiratória, secreções oculares e febre aguda;
• Fase gastrintestinal: compõe a segunda fase da doença surgindo os desconfortos gastrointestinais, tais como: vômitos, diarréia, com ou sem sangue, falta de apetite e dor abdominal;
• Fase neurológica: Na terceira fase da doença, o cão passa a ter o sistema nervoso afetado, manifestando sinais como; andar em círculos, movimentos de pedalagem, marcha tipo cambalear, paralisia e nistagmo (olho de boneca);
• Fase cutânea: Compõe a última fase e o animal apresenta problemas na pele como pústulas abdominais, espessamento nos coxins e no focinho, conjuntivite e lesões na retina.
Além de tudo isso, a cinomose pode causar a morte dos cães dependendo do estado de saúde do animal.
COMO A DOENÇA É TRANSMITIDA?
A transmissão da cinomose ocorre principalmente através das vias respiratórias, pela exposição ao ar contaminado e através do contato com a secreção e demais fluído dos animais doentes. Ela pode ser feita também por meio de objetos como casinhas, cobertores e alimentos contaminados. O maior índice de transmissão da cinomose acontece entre filhotes, normalmente entre os três e os seis meses, devido à ausência de vacinas.
Além disso, nessa idade eles estão com o organismo mais frágil pela perda de anticorpos maternos após o desmame. Porém, animais idosos ou cães que estejam debilitados em função de outra doença também são suscetíveis à cinomose, por estarem com o sistema imunológico mais fragilizado.
Um cão infectado elimina o vírus pela urina, fezes e secreções (nasal e ocular) até dois anos após a exposição ao micro-organismo.
Para tanto, em se tratando de um local de abrigamento coletivo, a contenção do surto se dá seguindo as medidas sanitárias abaixo descritas:
1. Quarentena de 10 dias a contar do ultimo caso positivo (vazio sanitário);
2. Cães residentes deverão ser testados a cada 10 dias pelo método de antígeno;
3. Desinfecção diária dos alojamentos, fomites com Hipoclorito à 3% por 10 minutos;
4. Desinfecção dos veículos Hipoclorito à 3% por 10 minutos;
5. A cada novo caso positivo, o período de quarentena se reinicia e a suspensão da transmissão se dará após 4 semanas, haja vista que a incubação do vírus pode se estender de nesse período.
6. Devido à alta transmissibilidade e a evolução rápida para óbitos desses cães, a eutanásia tem sido um recurso de proteção ao coletivo, conforme resolução nº 1000 de 2012.
Art. 3º A eutanásia pode ser indicada nas situações em que:
I – o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais, os quais não podem ser controlados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros tratamentos;
II – o animal constituir ameaça à saúde pública (CFMV, 2012; p.02);
Diante do exposto, comunicamos que detectamos a infecção em 3 cães já confirmados pelo método RT PCR e 6 animais apresentaram teste rápido positivo para a doença e aguardam confirmação diagnóstica. Sendo assim, neste momento e com o objetivo de cessar a transmissão a eutanásia dos casos positivos se fará necessária.
Dr Carlos Longo
Médico Veterinário – Supervisão Canil Municipal
OSS Pirangi
Fonte: Jornal Leia Notícias