Brasília – O consumo de energia elétrica no país fechou os primeiros três meses do ano com queda acumulada de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

HC de Botucatu inaugura sistema de iluminação livre de mercúrio em ambulatório

Iniciativa promovida pela Coalizão pela Iluminação Limpa em diversos países aconteceu no Brasil com a coordenação do Projeto Hospitais Saudáveis.

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), no interior de São Paulo, acaba de implementar um novo sistema de iluminação livre de mercúrio. A iniciativa promovida pela Coalizão pela Iluminação Limpa (CLiC) foi coordenada no Brasil pelo Projeto Hospitais Saudáveis (PHS) como parte de uma ação global contra o uso de lâmpadas fluorescentes, que contém mercúrio, em instituições de saúde.

O projeto, iniciado em março deste ano, acaba de ser finalizado no HCFMB, totalizando mais de mil lâmpadas fluorescentes substituídas. A ação também foi estendida ao Hospital Estadual de Botucatu, que ganhou um retrofit com mais de mil lâmpadas de LED em suas instalações.

“Hoje, o advento do LED torna as lâmpadas fluorescentes ultrapassadas em termos de eficiência energética e em termos de poluição ambiental, visto que o LED não contém mercúrio e tem maior vida útil”, diz Erick Pelegia, especialista em eficiência energética do Projeto Hospitais Saudáveis.

O mercúrio é altamente tóxico, razão pela qual a Organização Mundial de Saúde o enquadra entre os 10 principais produtos químicos ou grupos de produtos químicos de maior preocupação de saúde pública. Quando as lâmpadas fluorescentes se partem, os vapores tóxicos são liberados para o ar. Não existe um nível seguro de exposição ao mercúrio.

A absorção de vapores de mercúrio por bebês e crianças aumenta o risco de deficiências de desenvolvimento para toda a vida. Para mulheres grávidas expostas ao mercúrio, há riscos para o feto.

Ciente disso, o HCFMB assumiu o compromisso em reequipar a iluminação de parte das suas instalações, substituindo lâmpadas fluorescentes contendo mercúrio por lâmpadas LED eficientes. Ao todo, foram trocadas 1.156 lâmpadas numa área ambulatorial de cerca de 3.000 m², que operava 100% com lâmpadas fluorescentes até então.

Além de eliminar as chances de exposição dos funcionários e pacientes ao mercúrio, a substituição vai proporcionar uma economia de energia de 50% ou o equivalente a 43,3 MWh/ano. “Este projeto visa demonstrar como é fácil adaptar unidades de saúde. Ao substituir a iluminação hospitalar por LEDs, além de melhorarmos as condições de trabalho para as equipes, diminui-se os riscos de saúde pela exposição ao mercúrio”, diz Nyamolo Abagi, líder de indústria na CLiC.

Para a realização do projeto, iniciado em março deste ano, o primeiro passo foi escolher a área beneficiada, optando pelo ambulatório MION, onde são realizadas diariamente 580 consultas nas áreas de Pediatria e Saúde Mental Infantil, Ginecologia e Obstetrícia e Ortopedia.

Depois, foi feita a auditoria de iluminação, para verificar a quantidade de lâmpadas, níveis de iluminância e quadros elétricos. Em seguida, a equipe do PHS fez a compra das lâmpadas LED com base nos critérios técnico pré-estabelecidos de eficiência energética, vida útil e fluxo luminoso, optando pelo modelo com fluxo luminoso de 2100 lúmens, 16 Watts de potência e 50 mil horas de vida útil. O descarte adequado das lâmpadas fluorescentes faz parte das atividades do projeto.

O principal objetivo da ação é demonstrar os benefícios de um retrofit de LED em um hospital, encorajando consumidores e outras organizações a seguir o exemplo. “Queremos sinalizar aos governos locais e estaduais que esta é uma solução econômica e escalável para reduzir custos de energia e proteger as pessoas” afirma Abagi.

“Ao substituir as fluorescentes por LEDs, além da sustentabilidade ambiental e proteção à saúde humana, vamos diminuir nossa conta de energia do hospital, reduzindo consideravelmente os custos operacionais. Essas economias para um hospital público são fundamentais, ainda mais frente às necessidades e demandas extras que a pandemia do COVID-19 nos trouxe”, explica a Profa Dra. Karina Pavão da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB – UNESP), que dirige o núcleo “Hospitais Sustentáveis do HCFMB”.

Além disso, segundo ela, “o Projeto Iluminação Livre de Mercúrio na Saúde condensa diversas demandas de sustentabilidade dentro de um serviço de saúde, pois elimina um produto com mercúrio, diminui a geração de resíduos devido a maior vida útil das lâmpadas LED, diminui o consumo de energia elétrica e, consequentemente, diminui as emissões de gases de efeito estufa. O projeto vai reduzir as emissões de GEE do HCFMB em 2,6 toneladas por ano e evitar o uso de 46,24g de mercúrio ao longo de 20 anos”.

A nova iluminação também trouxe como benefício a melhoria das condições de trabalho para as equipes. “A troca de todas as lâmpadas do ambulatório refletiu na melhoria do atendimento pois proporciona uma luminosidade maior nas salas de consultório e procedimentos e contribuiu para a melhoria da segurança de todos os profissionais e pacientes que circulam pelo MION”, conta Natália Benedetti, enfermeira supervisora do MION.

Sobre a campanha

Em março deste ano, durante a Conferência das Partes (COP 4) da Convenção de Minamata sobre o Mercúrio, o Brasil assinou junto a mais de 130 países um acordo para pôr fim à comercialização de Lâmpadas Fluorescentes Compactas (CFL) até 2025.  Para as Lâmpadas Fluorescentes Tubulares (LFT), a luta continuará na próxima COP.

Para acelerar a transição para o LED e promover uma iluminação limpa, sem mercúrio, diversas organizações se uniram na execução de um projeto de modernização do sistema de iluminação em hospitais de três países: Brasil, Filipinas e Nigéria. No Brasil, a iniciativa chamada Projeto Iluminação Livre de Mercúrio na Saúde, promovida pela CLiC e coordenada pelo PHS, em colaboração com o IEI Brasil, o Centro de Análise, Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Energéticos (CPLEN) do Instituto de Energia e Ambiente da USP e a Rede Kigali (que reúne organizações da sociedade civil brasileira pela eficiência energética), foi anunciada em 09 de março pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e finalizada agora, em julho.

Hoje em dia, graças aos grandes avanços na tecnologia de diodos emissores de luz (LED), as lâmpadas LED podem substituir de forma rentável as fluorescentes em praticamente todas as aplicações. Além disso, as LED duram mais do que as lâmpadas fluorescentes e economizam recursos devido ao seu menor consumo de energia. Os LEDs atingem imediatamente a luminosidade total quando ligados, diferentemente das fluorescentes.

Fonte: Acontece Botucatu

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