HC de Botucatu quer transplantar 24 corações em 2023

Número de transplantes realizados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) vem crescendo

O serviço de transplante cardíaco do Hospital das Clínicas (HC) de Botucatu (SP) vem crescendo desde sua fundação, em 2019, e tem a meta de realizar 24 procedimentos do tipo em 2023, o quinto ano de funcionamento.

Logo no dia 1º de janeiro, o primeiro transplante de coração foi realizado na unidade, com apoio inclusive de um jato da Força Aérea Brasileira (FAB), que viajou 700 quilômetros para trazer o órgão de um doador oriundo de Goiânia (GO).

Na mesma semana, foi realizado outro procedimento envolvendo transplante de coração no HC, que é vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), localizada no município.

Em 2019, foram sete transplantes realizados ali, subindo para 14 em 2020 e 18 em 2021. Em 2022, houve 13 cirurgias. A prioridade é para moradores do Departamento Regional de Saúde (DRS), mas pacientes de outros estados também já foram beneficiados.

O programa de transplante cardíaco do hospital é o primeiro do interior paulista e considerado o segundo maior centro transplantador do estado, atrás apenas do Instituto do Coração (Incor), na capital.

Não é incomum a utilização de aeronaves da FAB, e até mesmo do helicóptero Águia da Polícia Militar, no transporte de corações e outros órgãos até Botucatu, já que, entre a retirada e o transplante, não podem se passar mais de quatro horas.

A informação é do cardiologista Flávio Brito, que coordena o setor de transplantes do hospital. “Normalmente, as captações acontecem em grandes centros, e nós acompanhamos desde a retirada do órgão, que é transmitida em tempo real”, explica o especialista.

De acordo com ele, toda Unidade de Terapia Intensiva (UTI) conta com uma comissão responsável por avaliar pacientes com morte encefálica, conversar com a família do paciente sobre o aval para doação e informar a Organização de Procura de Órgãos (OPO).

Com base em lista de espera para recebimento dos órgãos, é definida a destinação. No caso dos pacientes à espera de um coração, quase sempre são casos de internação. Em Botucatu, costuma haver em média de cinco a 10 pessoas aguardando o transplante cardíaco.

“O paciente em estado de insuficiência cardíaca não tem condições de esperar o órgão fora do hospital. É um quadro muito delicado, que exige muitas vezes o auxílio de máquina e medicação intravenosa”, explica o especialista.

Segundo Flávio, o Brasil hoje faz em média 400 transplantes de coração por ano, mas a demanda é de aproximadamente três vezes esse número.

“No Brasil, o número de transplantes de coração ainda está aquém da necessidade. O número de pacientes com insuficiência cardíaca é muito grande, seja por infarto, doença de chagas ou questões genéticas do coração”, explica.

É por isso que ampliar o que ele chama de “pool de doadores” é tão importante, assim como implementar e qualificar as comissões responsáveis pela captação de órgãos.

“Queremos crescer e, para os cinco próximos anos, as expectativas são grandes. Queremos estabelecer aqui um Instituto do Coração. Nossa meta é de mortalidade zero após 30 dias de transplante e que 80% dos pacientes estejam vivos e com qualidade de vida boa depois de um ano”, detalha o cardiologista. Atualmente, diz ele, o índice é próximo da média estadual, de 76%.

Fonte: Acontece Botucatu

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